Frutas, consuma à vontade. Será?

O consumo de fruta faz parte da cultura do brasileiro, porém alguns
aspectos quanto a quantidade e a forma de se utilizá-la em um plano alimentar
devem ser discutidos. Para isto, precisamos considerar e interpretar artigos
científicos relacionados ao metabolismo da frutose.
Apesar de o intestino e os rins possuírem enzimas necessárias para o
seu catabolismo, a frutose é primariamente metabolizada no fígado e sua
rápida entrada no hepatócito é mediada também pela GLUT 2, caso não haja
gasto de energia ou necessidade de estímulo pela insulina.
No hepatócito, a frutose é fosforilada no carbono 1, em uma reação
mediada pela frutoquinase ou cetoquinase, ou no carbono 6, em uma reação
mediada pela hexoquinase. Grande parte da frutose é fosforilada no carbono 1,
pois a hexoquinase tem maior afinidade com a glicose.
A frutose fosfato é cindida em duas trioses (diidroxiacetona e
gliceraldeído - fosfato), podendo seguir três caminhos distintos e com
finalidades diferentes:
1 - Participar da via glicolítica fornecendo piruvato e liberando energia;
2 - Ser reduzida até glicerol;
3 - Ser condensadas até formar a frutose - 1,6 - difosfato e, a partir dessa,
formar glicose ou glicogênio.
A ingestão MODERADA de frutose presente nos alimentos tem efeitos
benéficos a partir da sua utilização como elemento ENERGÉTICO. Entretanto,
é importante considerar o crescente aumento no seu uso como adoçante em
produtos industrializados, podendo produzir lipídios por meio dos compostos
intermediários como o glicerol e o gliceraldeído, levando ao aumento dos
lipídios sanguíneos.
Quanto à produção de lipídios a partir da frutose, estudos em animais e
em seres humanos demonstraram aumento nos triglicerídios após a ingestão
de dietas contendo frutose quando comparadas às dieta com carboidratos mais
complexos e outros açúcares. Há aumento da síntese de gordura em
detrimento da gliconeogênese, decorrente da maior síntese hepática de glicerol
e de ácidos graxos (1,4 a 18,9 vezes), quando comparamos com a glicose. O
aumento da atividade das enzimas lipogênicas no fígado resulta em maior
síntese de lipídios e como consequência, níveis mais elevados de lipídios totais
na circulação e de lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDL).
Alguns indivíduos são mais susceptíveis a apresentar hipertrigliceridemia
após a ingestão de frutose, como mulheres pós-menopausa, homens
hiperinsulinêmicos e diabéticos tipo 2.
Em estudo realizado por Reiser et al. outros aspectos do metabolismo
da frutose foram revisados, tendo sido relatado aumento nos níveis de ácido
úrico plasmático após o consumo de frutose presente na dieta, principalmente
em pacientes com hipertensão arterial.
Pode parecer estranho, porém introduzir frutas (sem critério quanto a
quantidade) em um determinado plano alimentar, pode gerar danos a saúde.
Consulte sempre o nutricionista antes de introduzir ou retirar qualquer alimento
de sua dieta!